Religião
Os roma não têm uma
religião própria, um deus próprio, sacerdotes ou cultos originais. Parece singular o fato de que um povo não tenha cultivado, no decorrer dos séculos, crenças em uma divindade particular, nem mesmo primitiva, do tipo
antropomórfico ou
totêmico. O mundo do sobrenatural é constituído pela presença de uma força benéfica,
Del ou
Devél, e de uma força maléfica,
Beng, contrapostas, numa espécie de
zoroastrismo, provável resíduo de influências que esta crença teve sobre grupos que, em época remota, atravessaram o
Irã. Ademais, as
crenças ciganas incluem uma série de entidades, cuja presença se manifesta sobretudo à noite. Mas, em geral, os
roma parecem ter-se adaptado, ao longo da história, às confissões vigentes nos países que os hospedaram, embora sua adesão pareça ser exterior e superficial, com maior atenção aos aspectos coreográficos das cerimônias, como as procissões e as peregrinações, próprias de uma religiosidade popular, sobretudo
católica. Um sinal de mudança se dá pela difusão do movimento
pentecostal, ocorrida a partir dos
anos 1950, através da
Missão Evangélica Cigana, surgida na
França. Em seguida a isso, registram-se todavia profundas lacerações no interior de muitas famílias, devido às radicais mudanças de costume que a adesão a essa religião impõe, dada a natureza
fundamentalista do movimento religioso em questão. Tais imposições muitas vezes acabam por induzir os
roma a uma recusa de suas peculiaridades culturais.
A maioria dos
roma fala algum dialeto do
romani, língua muito próxima das modernas
línguas indo-europeias do norte da Índia e do
Paquistão, tais como o
prácrito, o
marati e o
punjabi.
Tanto o sistema
fonológico como a
morfologia podem ter sua evolução facilmente reconstruída a partir do
sânscrito. O sistema numeral também reflete parcialmente o vocabulário sânscrito. Com as migrações, os
roma levaram sua língua a várias regiões da Ásia, da Europa e das Américas, modificando-a. De acordo com as influências recebidas, distinguem-se dialetos asiáticos de europeus. Entre as línguas que mais influenciaram nas formas modernas do romani estão o
grego, o
húngaro e o
espanhol.
[carece de fontes]
"Aumentar o sucesso dos ciganos , do povo
roma e das crianças nómadas é responsabilidade de todos dentro do sistema de educação, uma importante medida na eficácia das políticas de combate à exclusão escolar e social." Segundo o relatório de
Ofsted de 1999, os alunos ciganos de famílias itinerantes apresentam resultados mais baixos que os de qualquer grupo étnico minoritário e são o grupo de maior risco no sistema de ensino no
Reino Unido. O relatório Swann revela diversos factores que influenciam a formação de crianças ciganas da mesma forma que influenciam outros grupos minoritários étnicos. Entre estes factores, os que têm maior peso foram identificados como o
racismo e
discriminação,
mitos,
estereótipos e a necessidade de uma maior ligação das escolas com os pais das crianças ciganas.
[27][28] [29][30][31]
No Brasil, Mirian Stanescon foi a primeira cigana a a se formar num curso superior. Formou-se em
direito na
Universidade Gama Filho, no
Rio de Janeiro, em
1973.
[32]
[editar] Maiores concentrações rom no mundo
Debret,
Interior de casa cigana (c. 1820).
Os
roma não representam, como já se salientou, um povo compacto e homogêneo. Mesmo pertencendo a uma única etnia, existe a hipótese de que a migração desde a
Índia tenha sido fracionada no tempo e que, desde a origem, eles fossem divididos em grupos e subgrupos, falando dialetos diferentes, ainda que afins entre si. O acréscimo de componentes léxicos e sintáticos das línguas faladas nos países que atravessaram no decorrer dos séculos acentuou fortemente tal diversificação, a tal ponto que podem ser tranquilamente definidos como dois grupos separados, que reúnem subgrupos muitas vezes em evidente contraste social entre si.
As diferenças de vida, a forte vocação ao nomadismo de alguns, contra a tendência à
sedentarização de outros pode gerar uma série de contrastes que não se limitam a uma simples incapacidade de conviver pacificamente. Em linhas gerais poder-se-ia afirmar que os
sintos são menos conservadores e tendem a esquecer com maior rapidez a cultura ancestral. Talvez este fato não seja recente, mas de qualquer modo é atribuído às condições socioculturais nas quais por longo tempo viveram.
Em comunicação apresentada durante o encontro
Ciganos no século XXI, realizado em
Lisboa, em setembro de 2010, o espanhol Santiago González Avión, diretor da Fundação Secretariado Cigano, na
Galiza,
[56] apontou as divisões entre as próprias comunidades ciganas. "Entre os ciganos de nacionalidade espanhola, a fragmentação é forte.
Galegos e
castelhanos dividem-se. E há
discriminação também entre os ciganos
transmontamos, de nacionalidade portuguesa, e os
espanhóis", apontou González. O documento também denuncia a situação de pobreza e
exclusão social destes grupos.
[19]
Uma jovem cigana húngara executa uma dança típica.
Quanto aos
roma de imigração mais recente, nota-se, ao invés, uma maior tendência à conservação das tradições, da língua e dos costumes próprios dos diversos subgrupos. Sua origem, de países essencialmente agrícolas do
leste europeu, favoreceu certamente a conservação de modos de vida tradicionais. Antigamente era muito respeitado o período da gravidez e o tempo sucessivo ao nascimento do herdeiro; havia o conceito da impureza ligada ao nascimento, com várias proibições para a parturiente. O aleitamento ainda dura muito tempo, às vezes se prolongando por alguns anos.
No casamento, tende-se a escolher o cônjuge dentro do próprio grupo ou subgrupo, com notáveis vantagens econômicas. É possível a um rom casar-se com uma
gadjí, isto é, uma mulher não-rom, a qual deverá porém submeter-se às regras e às tradições rom. Vige naturalmente o
dote. No grupo dos sintos, geralmente o casamento é precedido pela fuga do casal. Aos filhos é dada uma grande liberdade, mesmo porque logo deverão contribuir com o sustento da família e com o cuidado dos menores. No que se refere à morte e aos ritos a ela conexos, o
luto pelo desaparecimento de um companheiro dura em geral muito tempo. Entre os sintos parece prevalecer o costume de se queimar a
kampína (o
trailer) e os objetos pertencentes ao morto. Entre os ritos fúnebres praticados pelos
roma está a
pomána, banquete fúnebre no qual se celebra o aniversário da morte de uma pessoa. A abundância de alimento e bebidas exprime o desejo de paz e felicidade para o defunto.
Além da família extensa, entre os
roma encontramos a
kumpánia, ou seja, o conjunto de várias famílias (não necessariamente unidas entre si por laços de
parentesco) mas todas pertencentes ao mesmo grupo, ao mesmo subgrupo ou a subgrupos afins.
O nômade é por sua própria natureza individualista e mal suporta a presença de um chefe: se tal figura não existe entre os
roma, é entretanto devido o respeito para com os mais velhos, que sempre são solicitados a dirimir eventuais controvérsias.
Entre os
roma, a máxima autoridade judiciária é constituída pelo
krisnitóri, isto é, por aquele que preside a
kris. A
kris é um verdadeiro
tribunal rom, constituído pelos membros mais velhos do grupo, que se reúne em casos especiais, para resolver problemas delicados, envolvendo controvérsias matrimoniais ou ações que resultem em danos a membros do grupo. Na
kris podem participar também as mulheres, que são admitidas para falar. A decisão cabe aos anciãos designados, presididos pelo
krisnitóri. Ouvidas as partes litigantes, é punida a parte culpada.
Em tempos recentes a controvérsia se resolve, em geral, com o pagamento de uma soma proporcional ao tamanho da culpa. No passado, se a culpa era particularmente grave, a punição podia consistir no afastamento do grupo ou, às vezes, em castigos corporais.
[editar] Ciganos famosos
- Mircea Lacatus, escultor cigano, formado pela Universidade Nacional de Arte, em Bucareste, Roménia.
- Ceija Stojka, escritora austríaca, foi a primeira escritora de etnia cigana a escrever um livro sobre o Holocausto.
- Juana Martin Manzano, designer de moda espanhola, ganhou vários prémios no mundo da moda.
- George Bramwell, jornalista da BBC, escritor de livros de história natural.
- Jarmila Balazova, jornalista e editora checa de etnia cigana.
- Alija Krasnici, escritor da ex-Iugoslávia.
- Ricardo Quaresma, futebolista português.
- Zlatan Ibrahimovic, futebolista sueco.
- Eugene Hütz, cantor e ator ucraniano.
São várias as pessoas de etnia cigana que, em diversas partes do mundo, destacaram-se em áreas tão diversas como literatura, escultura, música, desporto ou ciências. Outras pessoas como o actor
Michael Caine,
Sofia Kovalevskaya ou o prémio Nobel
Schack August Steenberg Krogh têm antepassados ciganos.
[57] [58]
[editar] Ver também
Referências
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